Charles Darwin: a teoria que não chegou a Azambuja

Opinião de António José Matos

A evolução nem sempre é natural. Há em Azambuja gente que teima em contrariar as teorias de Charles Darwin.

A evolução nem sempre é natural. Há em Azambuja gente que teima em contrariar as teorias de Charles Darwin. Não é pelos cursos que se possam tirar nem pela educação boa que os pais possam transmitir que algumas pessoas deixam de ser irresponsáveis e incompetentes. Há por aqui os que têm os mais variados cursos, curso de menino mimado, curso de filho, curso de genro, curso de marido; como são muito bons no desporto têm também o curso de matraquilhos e rodeiam-se de matraquilhos, mas todos muito crentes, acreditando em tudo o que o querido líder diz. Para eles, tudo não passa de um ato de fé. Vêem a vida de uma forma bicolor, preto ou branco. Enfim, a evolução não é natural…
Infelizmente as alternativas partidárias para o governo municipal são cada vez mais escassas. Não basta querer ser, tem de se saber ser. Não basta cavalgar – não devem ter jeito para isso; os matraquilhos não sabem montar… – como dizia, não basta cavalgar as ondas de descontentamento para tentar aproveitar alguma insatisfação popular. Tem de se ser responsável, equilibrado e sensato, com a noção dos momentos e do que está em causa em cada momento. Faltar ou adulterar a verdade também não é correto, principalmente quando é para benefício próprio. Mas para esta gente vale tudo.
Tenho amigos em todos os quadrantes políticos, mas consigo ver para além da amizade que tenho pelas pessoas. Com a complexidade crescente existente no mundo, não podemos estar agarrados a ideologias transformadas em dogmas que estão completamente desajustados dos momentos em que vivemos. Em tempos fui militante de um partido, do PSD, todos o sabem. Contrariava as pessoas quando me diziam que não era independente, que não pensava por mim, que tinha de obedecer ao partido. Nunca fui dessa forma; pensei sempre pela minha cabeça e sempre o farei, e foi preciso chegar aqui para perceber que algumas das pessoas que me diziam isso tinham razão: falavam de si próprias…
Em 2009, era eu vereador, fui contra a concessão do fornecimento de água em baixa no concelho de Azambuja. Mas não fiquei apenas no café a dizer mal, nem me limitei a levantar o braço na Câmara ou Assembleia Municipal. Muito menos fiquei na displicência e apatia das redes sociais, onde tantos são tão “fortes e corajosos” montados no seu sofá e calçados com as suas portentosas pantufas… Eu e as pessoas que estavam comigo estudamos ao máximo o assunto, fizemos com que só à quinta vez o mesmo fosse aprovado, promovemos sessões de esclarecimento pelas, à data, nove freguesias do concelho de Azambuja, fomos a todas as feiras e mercados recolher assinaturas e recolhemos mais de três mil assinaturas para a convocação de um referendo municipal que decidisse se aquela era a opção que se desejava. Infelizmente em Assembleia Municipal a decisão foi contrária ao que mais de três mil pessoas queriam. Alguns houve que votaram contra a realização do referendo, também como um ato de fé, mas em política não podemos ficar apenas pela fé, porque se o fizermos prejudicamos quem em nós votou e confiou.
A opção de concessionar ou não as águas foi há seis anos, mas muitos há que ainda não perceberam isso. Não perceberam porque não querem perceber ou não têm capacidade para perceber.
Atualmente há um contrato. Concordemos ou não, foi assinado! Quando estão em causa questões contratuais/jurídicas, é dessa forma que têm de ser resolvidas. Se resolvemos questões jurídicas à bruta e de forma ideológica, estamo-nos a meter a jeito de perder e pagar muito. Como todos bem sabemos, foi à Assembleia Municipal um aditamento ao contrato de concessão das águas em baixa. Alguém acha que eu ou qualquer outro quer pagar mais pelos bens que consome, seja a água ou qualquer outro bem de consumo? Eu não sou masoquista. A aprovação do aditamento ao contrato não foi uma coisa boa, foi um mal menor em relação ao mal maior que seria a não aprovação. Vejam os casos conhecidos: as câmaras que lidaram com estes assuntos politicamente e à bruta, foram condenadas a pagar milhões de euros de indemnização às concessionárias. Quem paga é sempre o mesmo, é o “Zé”…
Os que andaram a assustar as pessoas com os brutais aumentos da água não sabem o que dizem, ou então sabem e faltam à verdade e comparam coisas não comparáveis para enganar as pessoas. Não pode haver na política local questões assentes apenas na retórica. As mesmas têm de estar assentes na verdade. É verdade que vão haver aumentos, cada um saberá o quanto lhe custará pagar, mas não sou eu que vou dizer se os aumentos são brutais. Tem de ser cada um dos consumidores a dizê-lo e não é a fazer fé no que diz o A ou o B. Têm de comparar as faturas. O PSD e o CDS – tenho dificuldade em dizer “coligação pelo futuro da nossa terra”, porque embora ainda tenha lá muita gente boa, estão a ser liderados por gente que, enfim… – o PSD e o CDS dizem que os aumentos aparecerão em outubro. Eles são pessoas muito bem informadas… Comparem as faturas!…
Vai uma cervejinha e um jogo de matraquilhos? Nunca serei arrogante com os humildes, mas tenham certeza do seguinte: nunca serei humilde com os arrogantes.

VIAAntónio José Matos
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