“CHEGA não é partido de gente séria”, afirma ex-vicepresidente do partido em Alenquer

A Assembleia Municipal de Alenquer do próximo dia 21 marcará o fim da bancada do partido fundado por André Ventura uma vez que João Arsénio e Filipa Oliveira apresentaram demissão do movimento. Ambos vão continuar como deputados independentes e argumentam que já não se identificam com os principios radicais do CHEGA.

O CHEGA está em processo de desintegração no Concelho de Alenquer. A Assembleia Municipal do próximo dia 21 marcará o fim da bancada na AM local do partido fundado por André Ventura uma vez que João Arsénio e Filipa Oliveira apresentaram demissão do movimento. Ambos vão continuar como deputados independentes e argumentam que já não se identificam com os principios radicais do CHEGA.

João Arsénio foi vice-presidente do CHEGA em Alenquer, mas longe vão os tempos em que se identificava em pleno com os principios e com a postura de André Ventura e seus seguidores, que o próprio também praticava nas redes sociais em relação a alguma imprensa local. “Além de tudo o que já aconteceu na concelhia e na distrital, estes últimos casos que têm acontecido são demasiado”, afirmou, referindo-se naturalmente ao deputado açoriano louco por malas alheias e a Nuno Pardal, vice-presidente da distrital de Lisboa do partido, que assumiu ter pago para ter relações sexuais com um menor.

Para Arsénio é o fim da linha. São casos em demasia que mexem com os principios do antigo vice-presidente de Carlos Sequeira, o lider do CHEGA em Alenquer. “Todos estes casos fazem com que seja impossível continuar a representar o partido. Eu vim para o CHEGA porque achava que era um partido diferente, de pessoas sérias, e afinal não é o caso”. João Arsénio deixa bem claro: para ele, o CHEGA não é um partido de pessoas sérias.

Arsénio ainda tem uma réstea de esperança no “grande líder”: “Eu acredito que o André Ventura não seja como estas pessoas e também acredito que não se reveja nas mesmas, mas o que é facto é que está mal acompanhado e como consequência eu não posso continuar no partido, porque essa continuidade seria compactuar com este tipo de situações”. Recordemos que ambos os “prevaricadores” Miguel Arruda e Nuno Pardal apresentaram a demissão do CHEGA, aceite pela direção do partido liderado por Ventura.

Já Filipa Oliveira vai seguir os mesmos passos do demissionário Arsénio. A outra deputada do CHEGA em Alenquer já apresentou o pedido de passagem à condição de independente e os argumentos apresentados são basicamente os mesmos do antigo vice-presidente da concelhia do partido. “Esta tomada de decisão surge da minha crescente convicção de que o projeto do CHEGA no concelho se desviou dos princípios e da visão que inicialmente me levaram a integrar este espaço político”, afirmou Filipa Oliveira Mateus.

Defraudados ficam claramente os 1523 munícipes que votaram no CHEGA em 2021 para a Assembleia Municipal de Alenquer e que proporcionaram a estes dois deputados serem eleitos em representação do partido fundado por Ventura. Uma fonte do CHEGA que nesta fase não quis identificar-se afirmou ao Fundamental sobre o assunto: “Em novembro de 2014 José Socrates foi preso à chegada ao aeroporto da Portela; desde então está acusado de crimes gravíssimos de corrupção, mas eu não me lembro de algum eleito socialista local ter virado costas ao seu eleitorado por essa razão”.

VIAAlexandre Silva
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