
Os utentes do Serviço Nacional de Saúde de Aveiras de Cima vão ter de se deslocar a Benavente ou à Póvoa de Santa Iria a partir desta última terça-feira caso pretendam uma consulta médica. A instrução foi dada pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e recebida por email no Centro de Saúde de Aveiras. A falta de médicos é um problema cada vez com mais expressão também nesta localidade, que agora vê os seus utentes terem de recorrer a Benavente ou à Póvoa para ao menos sonhar com a possibilidade de aceder ao básico do SNS.
De salientar que tanto Benavente como Póvoa de Santa Iria não são propriamente localidades de acesso fácil a partir de Aveiras de Cima. Boa parte dos utentes são idosos e não têm forma de assegurar transporte para Benavente, que dista 45 quilómetros de Aveiras pela ponte das lezírias, com pagamento de portagem. Já a Póvoa de Santa Iria fica a mais de 40 quilómetros de Aveiras, sendo que a alternativa sem portagem implica atravessar a nacional 10 em localidades como Castanheira, Vila Franca de Xira, Alverca e Forte da Casa.

O Concelho de Azambuja continua a ser fortemente fustigado pela falta de clínicos que assegurem acompanhamento à população nos centros de saúde locais, não obstante os esforços da autarquia no sentido de criar condições para atrair estes profissionais de saúde para o território do município. O Regulamento Municipal de Apoio à Fixação de Médicos de Família no Concelho de Azambuja já foi aprovado em Assembleia Municipal. Recorde-se que o Fundamental noticiou a 1 de Março que Silvino Lúcio tinha avançado com uma medida sem precedentes para procurar combater o flagelo da falta de médicos no Concelho de Azambuja.
Com esta medida a Câmara de Azambuja pretende comparticipar a compra ou arrendamento de habitação para médicos que queiram vir para o concelho. Este regulamento prevê um conjunto de incentivos na área da medicina familiar, considerando que devem ser criados todos os mecanismos com vista à melhoria dos cuidados de saúde no concelho. A iniciativa pretende combater a escassez de médicos de família por correlação com o número de habitantes, quer devido à saída de alguns profissionais, quer pela não opção pelo Concelho de Azambuja por parte de novos médicos.
Silvino Lúcio pretende tornar o território municipal atrativo para a vinda de médicos: “Para além da comparticipação de 400 euros mensais para a compra ou arrendamento de casa está igualmente prevista a isenção das tarifas de resíduos urbanos, o acesso gratuito à piscina municipal em Azambuja ou a espetáculos culturais promovidos pela autarquia”, acrescenta o presidente. Os médicos terão igualmente direito à cedência de um automóvel de serviço. “Não sabemos se esta medida que agora está aprovada será suficiente, mas o objetivo da Câmara de Azambuja passa por tentar resolver um problema que é comum a todas as famílias do concelho de Azambuja”, afirma ainda o autarca.
Certo é que esta decisão da ARS é um revés para a população de Aveiras de Cima. Obrigar os utentes a dirigirem-se a Benavente ou à Póvoa de Santa Iria é o mesmo que desencorajar as pessoas a utilizarem o Serviço Nacional de Saúde, sendo certo que a maioria não vai ter meios para empreender uma deslocação tão extensa e exigente do ponto de vista financeiro.
Recordamos ainda que em novembro do ano passado um conjunto de subscritores de uma petição de Aveiras de Cima foi recebido pelos deputados eleitos na Assembleia da República, tudo por causa da falta de médicos. A iniciativa foi dinamizada por Vânia Seco Assucena, a empreendedora da petição que reuniu mais de 4 centenas de assinaturas. Esta petição foi aprovada em Assembleia da República e no dia 18 de novembro os promotores da iniciativa foram convocados para estar presente no hemiciclo. Não obstante o esforço e a união dos utentes, Aveiras de Cima também vive dias complicados no tocante à saúde pública.