Estradas sem dono? Ou donos sem responsabilidade?

Opinião de André Salema (16 de Janeiro de 2020)

Quem normalmente tem a árdua tarefa de conduzir nalgumas estradas municipais será forçosamente obrigado a apurar as suas capacidades cognitivas, se quiser escapar ileso à rudeza de algumas delas. É que de estradas só têm nome e se assim continuarmos passaremos a ter “caminhos de cabras”.

Em Abril do ano passado tive a oportunidade de escrever ao Sr. Presidente da Câmara Municipal de Alenquer, relatando o que se está a passar na Estrada Municipal do Carril, (mais conhecida pela estrada da Termoelétrica). Aqui transcrevo um pequeno excerto dessa carta: “…extensão considerável de abatimentos, buracos e desníveis, levando os condutores a perderem a estabilidade na circulação dos seus veículos… As poucas infraestruturas de segurança ali instaladas são inexistentes… tendo em conta a destruição provocados por dezenas de acidentes ali ocorridos…”. A resposta apareceu um mês depois, após alguma insistência, tendo sido informado que iriam “tapar buracos”. O que é certo é que um ano depois os buracos são hoje crateras e as condições da via estão irremediavelmente comprometidas, atestadas pela quantidade de acidentes que ali têm ocorrido.

Ironizando, até apostava que o Município de Alenquer empandeirava de boa vontade aquela estrada para o Município de Azambuja, de tal forma é grande o fluxo rodoviário com destino à zona industrial deste concelho.

Mas também no concelho de Azambuja nem tudo são rosas no que diz respeito à segurança rodoviária. Exemplo flagrante será a Estrada Municipal 513 (via de ligação Azambuja/Aveiras de Cima), que está há anos em condições periclitantes. As intervenções que foram feitas ao longo dos anos naquela via deixam de cabelos em pé qualquer condutor, sobretudo as obras da rede pública de drenagem que vieram aportar uma acentuada degradação das suas condições. Qualquer cidadão terá certamente a legitimidade de questionar se a obra foi executada seguindo as boas práticas definidas e quem as fiscalizou. Neste caso porque não se exigiu responsabilidades à concessionaria para a manutenção daquele troço?

Mas as queixas não se ficam por aqui. Numa das vezes em que fui assistir à Assembleia Municipal questionei o Sr. Presidente da Câmara Municipal de Azambuja sobre a situação provisória em que ainda se encontra o desvio de veículos pesados da EN3 para a EN366, e que sendo provisória há mais de 12 anos, não tem ainda solução à vista. Os transtornos são mais que evidentes, sabendo que esta via não está preparada para continuar a receber o crescente fluxo de tráfego que sofre e as consequências estão à vista de todos.

Estas estradas deveriam merecem uma especial atenção por parte dos nossos autarcas. Os anos vão passando e pouco ou nada se vai fazendo. Os planos de repavimentação sem qualidade teimam em ser a solução escolhida e as pessoas sofrem na pele os efeitos negativos destes acontecimentos.

As Câmaras Municipais não devem demitir-se de assumir as suas responsabilidades nesta matéria. Tenhamos em mente que a sinistralidade rodoviária é por si só, o principal problema de segurança pública dos nossos concelhos!


VIAAndré Salema
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