Nos anos mais recentes houve uma alteração profunda na forma como os portugueses olham para os actores políticos. O enorme desenvolvimento das capacidades da internet e o advento das redes sociais teve como consequência um povo mais informado e mais consciente da realidade que o envolve. A verdadeira essência do político foi descoberta e este caiu em desgraça.
De um modo geral, ser político é ser mentiroso. Admito que hajam excepções, e num contexto local conheço-as pessoalmente, pessoas genuínas e verdadeiras, mas regra geral ser político é procurar constantemente tornear a verdade e apresenta-la modificada tendo em conta o objectivo de alcançar um propósito pessoal ou partidário. Ser genuíno e verdadeiro é característica ao alcance de muito poucos.
Digamos que a política potencia tais características que de alguma forma estarão presentes com maior ou menor densidade na nossa condição de humanos. O problema é que os tempos são outros e o povo, agora muito mais informado e esclarecido, começa a perceber o logro em que tem caído desde sempre. A elite de ricos e abastados confunde-se com a corja de ladrões que nos assalta diariamente a coberto de uma classe política que é colaborante e subserviente desta gente.
A campanha para as eleições europeias até mete dó. Vêem-se aqueles tipos claramente desesperados por manterem um taxo em Bruxelas que lhes garante um nível de vida de outra galáxia, entre vencimentos, subsídios e outras mordomias. Vê-se um grupo de parasitas com cara de frete, bandeirinhas e olheiras profundas, que fazem o papel de corte ao candidato, e um povo que os evita… melhor, que foge deles a sete pés. E ainda uma comunicação social que deixa bem claro (e muito bem) em cada reportagem que andar atrás daqueles parasitas é igualmente um frete que se faz apenas por obrigação profissional.
Um dos maiores problemas da classe política actual é não perceber que o Mundo está a mudar. Mentiras e combates políticos histéricos já não pegam junto de um povo cada vez mais consciente da realidade que o rodeia. O futuro político só tem uma saída na nossa sociedade: ser honesto, sensível, ter um discurso de verdade e combater aqueles que roubam o povo todos os dias, nos bancos, nas grandes empresas e na própria política. Provavelmente só na próxima geração virá gente com estas características, porque a maioria dos de agora estão irremediavelmente contaminados.
