
“Pelas razões apontadas, e por muito que me custe admitir, talvez Luís de Sousa seja, afinal, o candidato mais indicado para governar Azambuja. Prefiro claramente Luís de Sousa a Rui Corça (não tem comparação possível), até porque sei que nunca iria ter um Mendes presidente, mas antes um David à procura de emprego” (Nuno Cláudio)
Recentemente tive oportunidade de referir que considerava David Mendes o candidato mais capaz para desempenhar as funções de presidente da Câmara de Azambuja. Em relação a este aspecto não mudei de opinião: Mendes tem mais potencial do que todos os restantes candidatos no tocante às qualidades necessárias para liderar a governação do município. O problema de Mendes reside no facto de um candidato ter de ser muito mais do que somente uma pessoa inteligente e conhecedora dos assuntos da municipalidade. Mendes concorre claramente na expectativa de vir a conseguir um “emprego” na vereação, desempenhando o lugar de fiel de balança agora deixado vago por Herculano Valada.
Nesse particular, nada mais moverá o candidato da CDU em Azambuja do que a vontade de constatar que o Partido Socialista não venha a conseguir uma maioria de eleitos nas autárquicas do próximo domingo. Os simpatizantes da coligação e habituais eleitores da CDU estão, desta forma, muito longe dos tempos saudosos em que Cid Simões, António José Rodrigues ou António Nobre honravam aquela camisola e garantiam uma oposição dentro daquelas que são as naturais expectativas do eleitorado afecto ao PCP. David Mendes persegue claramente o emprego, algo que jamais passaria pela cabeça dos seus antecessores.
Já o PSD seria o pior que poderia acontecer ao concelho de Azambuja. Com toda a franqueza, os munícipes deste concelho não merecem passar de mau para muito pior. Rui Corça está desfasado da realidade, nada percebe de política local e caso esta coligação vencesse o verdadeiro presidente da autarquia e mentor de tudo o que fosse política no concelho seria António Jorge Lopes. Reconheço a Lopes, tal como a David Mendes, uma capacidade imensa; aliás, para mim Lopes é, actualmente, o autarca potencialmente mais capaz de Azambuja. O problema reside no resto, sobretudo na forma politicamente doentia e ultrapassada como vive os meandros da política, como se de uma arte de guerra se tratasse.
As candidaturas do Bloco de Esquerda e do CDS – Partido Popular serão somente residuais, dignas de respeito mas incapazes de chegar sequer a patamares que lhes permitam sonhar com a eleição de ao menos um vereador. Tratam-se de candidatos inexperientes, com pouca visibilidade e notoriedade política. Reconheço-lhes o mérito de fomentar o debate. Talvez venham a conquistar alguns votos que farão falta a muito boa gente com aspirações ao “título”. Fazem lembrar aquelas equipas do rodapé da tabela que de quando em vez roubam pontos aos grandes e acabam por decidir campeonatos.
Resta então Luís de Sousa e o seu Partido Socialista. Uma das inabilidades mais gritantes deste candidato é a sua incapacidade de comunicar e cativar, incapacidade que acaba por se virar contra si próprio ao longo dos últimos quatro anos. Bem vistas as coisas, poderia aqui facilmente apontar um conjunto de medidas governativas deste executivo que por estes dias levariam Luís de Sousa a dormir mais do que descansado, tendo por garantida a eleição com a maioria absoluta que tanto deseja. Elas existem, mas Luís de Sousa não as sabe comunicar e não cativa quem as possa divulgar. Precisa de se rodear por quem o arraste para esse estado de alma.
Poderia aqui falar da redução da dívida, das muitas obras em curso, das que estão em fase de conclusão das respectivas candidaturas, das medidas tomadas no contexto da educação no âmbito do apoio ao inicio do ano lectivo escolar, estas últimas de fazer corar de inveja muitos municípios da região. A Câmara de Azambuja nada tem a ver hoje com o farrapo financeiro em que estava mergulhada em 2013. É uma verdade incontestável. Mas o que vem a público? As tropelias do Silvino, o martírio (justificado) do preço do serviço de fornecimento de águas, as guerras internas entre Silvino e Sousa, os ataques desvairados do arquitecto Coração, que diz umas verdades à sua singular maneira. A mensagem que passa é má, e o que se faz de positivo fica guardado na gaveta. Claríssima incapacidade de comunicar.
Pelas razões apontadas, e por muito que me custe admitir, talvez Luís de Sousa seja, afinal, o candidato mais indicado para governar Azambuja. Prefiro claramente Luís de Sousa a Rui Corça (não tem comparação possível), até porque sei que nunca iria ter um Mendes presidente, mas antes um David à procura de emprego. E entre um Silvino ou um Lopes a promover confusão ou tropelias, pelo menos o primeiro deixa-me a viver na esperança de que o dia da sua retirada está cada vez mais próximo; já o segundo, e em caso de vitória do PSD, teríamos de o suportar por longos anos, o que transformaria Azambuja no mais eloquente saco de gatos da política autárquica em Portugal.