O vereador Nuno Miguel Henriques já custou à Câmara de Alenquer mais de 40 mil euros no decurso deste mandato. A revelação foi feita pelo presidente da autarquia durante a reunião do executivo que teve lugar em Alenquer na manhã desta segunda-feira, dia 10 de fevereiro. O eleito do PSD não tem pelouros e marca presença quinzenalmente nestas reuniões, tendo declarado que vive no concelho do Fundão, na localidade de Salgueiro. “Já vai em quarenta e tal mil euros a verba que a Câmara pagou com as suas despesas e deslocações”, afirmou Pedro Folgado.
O tema acabou por ser alvo de troca de palavras entre o vereador nascido na Covilhã e o presidente da Câmara residente no Carregado. “Este vereador é dos mais baratos deste executivo; sim, senhor presidente, eu não tenho gabinete e não tenho telemóvel”, afirmou Nuno Miguel Henriques durante o período antes da ordem do dia. Pedro Folgado respondeu ao eleito social democrata: “Eu sorri quando o senhor afirmou que é o vereador mais barato porque de entre os vereadores da oposição o senhor é o vereador mais caro”.
O presidente do executivo especificou a este respeito, dirigindo-se a Nuno Henriques: “Efetivamente temos dois vereadores da oposição, mas se formos olhar para as contas de um e para as contas de outro, o vereador da CDU é mais barato que o senhor”. O eleito do PSD demonstrou incómodo com a intervenção de Pedro Folgado, que uma vez mais respondeu: “Foi o senhor que puxou este assunto, não fui eu”.
O presidente da Câmara de Alenquer acrescentou ainda, sempre dirigindo-se a Nuno Henriques: “Como sabe, o senhor coloca nas suas deslocações que vem da Covilhã para aqui, coloca ajudas de custo e neste momento já vai em quarenta e tal mil euros os gastos com as suas deslocações”. Folgado fez questão de frisar por mais do que uma vez que Nuno Miguel Henriques é o vereador mais caro de entre os dois vereadores da oposição, referindo-se neste comparativo a Ernesto Ferreira, representante da CDU.
Pedro Folgado relembrou que os vereadores que não têm pelouros gozam do direito de serem ressarcidos com ajudas de custo pelas suas presenças em reunião de câmara. Mas referiu, e citamos o autarca, que “não ponho em causa que tenha sido o seu partido a designa-lo, mas estranho que aqui em Alenquer ou pelo menos nas redondezas não tenha havido alguém do PSD que pudesse ter assumido este cargo e tivesse que se ir buscar uma pessoa à Covilhã”.
Já Nuno Miguel Henriques fez a defesa da honra: “Não sei onde o senhor foi buscar essas contas, mas essas contas estão completamente erradas; não venham praí escrever o que não é verdade. Eu pedi por escrito as contas totais de cada vereador e não mas deram, e importa dizer que este vereador não tem qualquer pessoa a receber um tostão no seu gabinete; já o vereador da CDU tem uma pessoa no seu gabinete que recebe mil e tal euros por mês”.
Nuno Miguel Henriques continuou a sua defesa: “Eu não tenho telemóvel da Câmara Municipal nem cartão; Eu tive uma casa, e tive mais do que uma até, no distrito de Lisboa, ou nas redondezas, até tive noutros sítios, mas não tenho. É lícito; de facto eu saio a 744,50 euros por mês já com ajudas de custo e com as senhas de presença todas, é menos de um ordenado mínimo”.
Nuno Henriques disse ainda: “Se o partido (PSD) não tinha pessoas (de Alenquer) é talvez porque o tutti frutti funcionou aqui, porque no tutti frutti está lá escrito que é para encontrarem candidatos frouxos ou fáceis de abater para outros ganharem”. Henriques disse ainda, e citamos o vereador social democrata, que “não tendo nascido neste concelho eu já fez mais pelo Concelho do que muitos que nasceram cá e cá estiveram toda a vida”.
Pedro Folgado voltou a intervir: “Tudo o que o senhor está a receber está na Lei e o senhor tem direito a receber; eu não disse o contrário. O que eu disse foi que o senhor afirmou ser o vereador mais barato, e efetivamente não é; foi o senhor que puxou o assunto”. Nuno Henriques ainda confrontou Folgado: “O senhor sabe tão bem ou tão mal que até se enganou no concelho onde eu resido; eu nasci na Covilhã mas não moro na Covilhã; é que as pessoas emprenham pelos ouvidos às vezes”, disse Nuno Henriques, visivelmente irritado.
