Aveiras de Cima: perto de 200 trabalhadores da JODEL com 2 meses de salários em atraso

A JODEL vive dias complicados e tem quase duas centenas de colaboradores à beira de um ataque de nervos. A empresa não paga salários há dois meses e os trabalhadores estão desesperados e sem saberem o que fazer à vida. A administração aconselha-os a suspenderem os contratos de trabalho em vigor.

A JODEL vive dias complicados e tem quase duas centenas de colaboradores à beira de um ataque de nervos. A empresa não paga salários há dois meses e os trabalhadores estão desesperados e sem saberem o que fazer à vida. A JODEL está sediada na zona industrial entre Aveiras de Cima e Alcoentre e fabrica todo o tipo de detergentes líquidos e sólidos para a área doméstica.

Serão cerca de 192 os colaboradores da JODEL que não receberam ordenado em finais de julho, cenário que voltou a repetir-se no termo do mês de agosto. Entre estas cerca de duas centenas de colaboradores que não recebem desde junho estão famílias completas, casais com filhos bastante jovens e até famílias com mais de duas pessoas a trabalhar na empresa, muitas delas há mais de 30 anos.

Alguns dos trabalhadores da JODEL deram conta ao Fundamental da situação desesperante por que passam nesta altura das suas vidas. Muitos dos colaboradores já têm rendas de casa em atraso e estão na iminência de perderem as suas habitações. Há quem já não tenha capacidade para assegurar as necessidades básicas de alimentação e se veja obrigado a recorrer à ajuda de familiares para conseguir sobreviver.

Os responsáveis da empresa vão-se revezando em reuniões com os colaboradores e multiplicam-se as promessas de resolução do problema que, no entanto e cada vez mais, não passam exatamente e apenas de promessas. Ainda na manhã desta quarta-feira, dia 4 de setembro, os trabalhadores foram antecipadamente convocados para mais uma reunião que acabaria por não ter lugar, tendo a mesma sido adiada para as 10 horas de quinta feira, dia 5 de setembro.

A verdade é que os trabalhadores estão cada vez mais descrentes na existência de uma solução e, pior de tudo, cada vez mais a viver em dificuldades extremas, sem dinheiro para sobreviver e com rendas de casa e prestações de créditos a ficarem para trás. Boa parte dos colaboradores da JODEL tem mais de 40 anos, há famílias completas a trabalhar na empresa e nesta altura muitas destas pessoas vivem em desespero.

Na últimas segunda e terça feiras a JODEL esteve encerrada, tendo essa decisão sido comunicada aos trabalhadores pelo Departamento de Recursos Humanos. Já nesta quarta-feira (hoje), quinta e sexta feiras (dias 5 e 6 de setembro) só estarão a trabalhar na fábrica os trabalhadores que forem convocados para o efeito. Pelo que foi testemunhado ao Fundamental já nem na portaria há a presença de seguranças, uma vez que a empresa que prestava esse serviço não recebia há vários meses e em consequência terá deixado de trabalhar para a JODEL.

A JODEL labora 24 sobre 24 horas em três turnos. Trabalhadores, técnicos de manutenção, “chefes” e pessoal de escritório fazem parte destes cerca de 192 assalariados que não recebem desde finais de junho. A empresa já informou os trabalhadores que podem requerer o Fundo de Garantia Salarial e que, se assim entenderem, também poderão exercer o direito à suspensão dos contratos de trabalho. Muito dos trabalhadores estão em pânico, sem saberem o que fazer nesta altura difícil das suas vidas.

Em comunicado, a JODEL informa, e citamos: “A JODEL atravessa uma situação económica difícil que, entre outros obstáculos, a impediu de dar o devido cumprimento ao pagamento das retribuições referentes aos meses de julho e de agosto de 2024, circunstância que se encontra, com todo o seu esforço e dedicação, a tentar ultrapassar”. Neste comunicado a JODEL acrescenta: “Atendendo à enorme estima pela relação laboral estabelecida com os seus colaboradores, apresentamos a solução de suspensão dos contratos de trabalho em vigor”.

Os responsáveis pela JODEL asseguram tratar-se de uma solução temporária e ajustada à realidade de cada colaborador, e prometem: “Esta situação manter-se-á apenas até à estabilização da situação financeira da JODEL, será uma situação temporária e permitirá a manutenção dos vínculos laborais existentes”, sendo que a empresa assegura ser mesmo este o principal objetivo da administração: manter os postos de trabalho e salvar a JODEL.

A verdade é que, neste momento, serão quase duas centenas os colaboradores que não receberam os meses de julho e de agosto e ainda os respetivos subsídios de férias. Uma situação que não é inédita na história recente da JODEL, que no decorrer do ano passado (2023) já tinha passado por uma fase em que teve dificuldades para pagar aos trabalhadores, tendo assegurado os vencimentos em prestações atrasadas face ao normal período de final de mês.

VIAAlexandre Silva
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