Preocupado com o actual momento vivido no Brasil, fiz pesquisas na internet e deparei-me com a pequena curiosidade do nascimento do minuto de silêncio de que transcrevo partes, em itálico:
De todas as invenções portuguesas, a mais universal e mais difundida é, sem dúvida, o minuto de silêncio. O minuto de silêncio com o qual se presta homenagem a um morto ilustre ou a mortos em catástrofes. Tudo começou em 1912 com a morte do Barão do Rio Branco, José Maria da Silva Paranhos Júnior, ministro dos negócios Estrangeiros do Brasil e pessoa muito querida em Portugal, por ter sido um dos primeiros estadistas a patrocinar o reconhecimento da República Portuguesa em 1910.
A sua morte teve tal repercussão no Brasil que o governo fez um decreto adiando o Carnaval, para que esse período de festas não coincidisse com o luto nacional. Como ministro dos Negócios Estrangeiros, Rio Branco foi o responsável pela demarcação das fronteiras, trabalho que executou com engenho e arte, dilatando ainda mais o já vasto território brasileiro.
Em Portugal havia um verdadeiro culto pelo Barão do Rio Branco, o estadista ilustre que o Brasil perdeu, e o seu nome era entre nós tão querido e tão espalhado que eram raros os portugueses de uma certa cultura que o desconheciam. Todos os que amam o Brasil e seguem atentamente os seus movimentos políticos e literários, os que lá vão em busca de um pouco de bem-estar, os artistas que viajam anualmente na terra nossa irmã, etc.
A morte do Barão do Rio Branco causou um forte impacto em Portugal. O parlamento português na sua reunião do dia 13 de Fevereiro, sob a presidência de Aresta Branco, em homenagem ao morto ilustre, suspendeu a sessão por meia hora – como era tradicional. Já na reunião do Senado no dia seguinte, sob a presidência de Anselmo Braamcamp e secretariada por Bernardino Roque e Paes de Almeida, inovou e revolucionou. “O presidente, aludindo ao falecimento do Sr. Barão do Rio Branco, recordou que os altos serviços por aquele estadista prestados ao seu país e a circunstância de ser ele ministro quando o Brasil reconheceu a república portuguesa”, escrevia o Diário de Notícias sobre a sessão.
Depois deste dia, todas as vezes que morria alguém passível de homenagem, o parlamento português repetia o gesto. Com o tempo, de dez minutos passou a cinco, depois a um, como actualmente. Em seguida, as casas legislativas europeias copiaram o modelo português e daí para o resto do mundo, ganhando visibilidade sobretudo nos estádios desportivos.
Pelo exposto, todos concordaremos, eu e os leitores, que a internet é uma inesgotável fonte de informação. “Mas nem tudo o que luz é ouro”, como diz o rifão popular. Na verdade, as sondagens que dão uma forte indicação de o Brasil poder voltar a um regime ditatorial, como já viveu em grande parte do século passado, parece-me, com o devido respeito por opinião em contrário, que têm sido as técnicas de manipulação difundidas pelas redes sociais acobertadas na net que endeusaram Bolsonaro, o hipotético futuro ditador do nosso país irmão, que já apelidam de Trampa Tropical.
Claro que não descarto o mal-estar provocado pela corrupção generalizada que grassa no Brasil, da qual o PT (Partido dos Trabalhadores) não se pode de todo isentar, muito embora os maiores proveitos tenham sido do grande capital dominante no mundo inteiro. Oxalá os democratas do mundo inteiro não tenham que fazer muitos minutos de silêncio pela morte da democracia no Brasil.