
O Carregado foi esta tarde palco de um cenário macabro e sombrio. Um homem foi encontrado morto dentro da sua própria casa, um prédio no Casal do Sarra, onde se acredita que estivesse sem vida pelo menos há três semanas. Fernando Granha, de 59 anos, era médico cirurgião, embora presentemente não exercesse a profissão. Estava separado e vivia sozinho desde há anos. Os vizinhos afirmam que família e a própria filha tinham abandonado o homem por não se reverem nas suas opções de vida, homem que entretanto havia contraído matrimónio com uma cidadã brasileira, de nome Verónica, com pouco mais de 20 anos de idade, com a qual viveu alguns anos uma relação descrita como conflituosa e problemática. “Brigavam até altas horas da manhã, era um barulho ensurdecedor, portas a bater e muitas vezes a moça gritava de forma desesperada”, relatam os moradores do lote 1 da Rua Castelo Melhor, que também garantem ter visto muitas vezes caixas vazias do medicamento Viagra a serem arremessadas pela janela da casa de banho para o páteo interior do prédio. Nos últimos anos Fernando Granha vivia sozinho e tinha problemas de falta de dinheiro, que acumulava com dívidas às finanças. “Já nem dinheiro tinha para comer, era uma miséria. Foi uma decadência total nos últimos tempos, e já prevíamos que isto fosse acontecer”, garantiu-nos um vizinho, também de origem brasileira, morador no prédio e conhecido da vítima e da ex-companheira de Fernando Granha. Tanto a antiga companheira como a última namorada do homem visitavam-no e por vezes traziam-lhe sacos com comida; outras vezes, perante a debilidade crescente do homem, compravam-lhe comida no MacDonald. Os vizinhos relatam ainda que ultimamente Fernando Granha já nem força tinha para impedir que a ex-mulher conseguisse abrir a porta, quando esta o visitava por caridade e ele procurava impedir que a cidadã de origem brasileira entrasse em sua casa. Verónica terá estado no prédio na madrugada desta quarta-feira, por volta das 4 da manhã, alertada por um vizinho para o cheiro nauseabundo que já se fazia sentir em todo o prédio. Bateu insistentemente à porta mas não obteve resposta. Terá regressado pelas 13 horas de hoje, já com a polícia, que já tinha vindo ao local dias antes, mas então sem autorização do Ministério Público para entrar em casa de Fernando. O corpo foi encontrado dentro de casa, sendo que as autoridades afirmam que a previsão aponta para pelos menos um periodo de três semanas de ausência de vida. Os bombeiros entraram em casa pela janela do segundo andar, dado que a porta blindada foi impossivel de arrombar. O cheiro é de tal forma intenso que houve moradores a sentirem-se mal e a necessitar de assistência. O caso está entregue à Polícia Judiciária.