Alcoentre sem consultas médicas: CERCI teme piratas informáticos e multas podem chegar aos milhares

O regresso ao ativo do Centro de Saúde de Alcoentre continua a ser uma miragem. O maior obstáculo parece estar no receio de um ataque informático. CERCI e Autarquia não querem arriscar multas milionárias e oposição pede que governo central assuma responsabilidades.

O regresso ao ativo do Centro de Saúde de Alcoentre continua a ser uma miragem. O assunto constitui enorme preocupação para a população desta que é a terceira maior freguesia do concelho e que no final da tarde desta terça-feira está a ser palco de uma reunião descentralizada do Executivo Municipal de Azambuja. O maior obstáculo parece estar no receio de um ataque informático. CERCI e Autarquia não querem arriscar multas milionárias e oposição pede que governo central assuma responsabilidades.

Parece confuso, caro leitor, mas expliquemos como funcionam estas coisas nos tempos que vivemos. Quando um utente é consultado, o médico de serviço acede por via informática a todos os dados pessoais do paciente, dados esses que constam numa chamada “rede”, naturalmente disponível através da internet e de acesso restrito. Esse acesso restrito é garantido por protocolos de segurança exigentes e que estão previstos nas estruturas dos centros de saúde oficiais.

Acontece que o Centro de Saúde de Alcoentre está pelas ruas da amargura, estruturalmente falando. Por outro lado, os serviços médicos no Concelho de Azambuja têm sido basicamente assegurados pelo Projeto Bata Branca que, tal como os leitores do Fundamental sabem e têm acompanhado, consiste numa parceria entre a CERCI Flor da Vida, o próprio Município de Azambuja e a Administração Regional de Saúde e que tem o propósito de garantir a assistência ao nível das consultas médicas, uma dificuldade crescente não apenas do município como de todo o país.

Estas consultas pressupõem que os clínicos acedam informaticamente aos dados pessoais dos utentes, como é natural e óbvio. Mas tal só é possível de acontecer com total garantia “cibernética” se o edifício que acolhe estas consultas estiver equipado com uma rede informática que garanta absoluta segurança aquando do referido acesso. Se tal não acontecer, os dados pessoais de centenas, mesmo de milhares, de munícipes poderão estar comprometidos, ainda para mais no mundo em que vivemos.

As multas para estas falhas de segurança estão bem definidas pela legislação e são tremendas, podendo ascender a milhares e milhares de euros. Ao deter a responsabilidade pela execução do Projeto Bata Branca, a CERCI estaria exposta a este perigo, o de ser obrigada a assumir as coimas caso houvesse um ataque informático perpetrado durante a execução prática das consultas em Alcoentre. A própria autarquia “levaria por tabela”, uma vez que não deixa de ser co-responsável pela execução do Projeto Bata Branca.

Na reunião de câmara desta terça-feira a oposição sugeriu à maioria liderada por Silvino Lúcio que proponha ao estado central o assumir dessa responsabilidade, de modo a que as consultas médicas possam voltar a acontecer em Alcoentre mesmo no âmbito do Bata Branca. Recordamos que os próprios Bombeiros Voluntários já disponibilizaram uma sala para o efeito, como alternativa ao envelhecido Centro de Saúde.

VIAAlexandre Silva
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