
O violento tremor de terra que atingiu Turquia e Síria em fevereiro terá trazido à memória de muitos o sismo de 28 de fevereiro de 1969 que atingiu Portugal de sul a norte com uma magnitude de 7.9 na escala de Richter. Desde o terramoto que destruiu Lisboa em 1755 que em toda a Europa não se tinha sentido um abalo tão forte. Na última quinta-feira a terra voltou a tremer mas o abalo de 2,6 terá passado despercebido à maior parte da população.
O sismo de há dois dias foi sentido em Arruda dos Vinhos, Alenquer e Vila Franca de Xira e foi registado nas estações da rede sísmica do continente, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera. O abalo ocorreu pelas 15:00 e teve o epicentro a cerca de quatro quilómetros a Este-Nordeste de Arruda dos Vinhos, na fronteira com o Concelho de Alenquer.
Já o sismo de 28 de fevereiro de 1969 teve o seu impacto maior no Algarve, uma vez que o epicentro se registou a 80 quilómetros a sudoeste de Sagres, mas muitas foram as cidades que acordaram durante essa já longínqua madrugada pelas 3h40 com a terra a tremer debaixo dos pés e o teto a desabar sobre a cabeça. Em Portugal Continental registaram-se então 13 vítimas mortais, duas como consequência direta do sismo e 11 indiretas.
Em Lisboa há relatos da imprensa sobre um homem que fugiu para o telhado de sua casa completamente nu, enquanto no requintado hotel Ritz os hóspedes concentraram-se no hall de pijamas e robes, o que porventura terá configurado um “escândalo” equivalente. Na manchete do República podia ainda ler-se: “A terra tremeu – Tomadas de pânico, milhares de pessoas fugiram para a rua em trajos menores”.
No Porto também houve momentos de “pânico e inarrável angústia” e em Alhos Vedros, Barreiro, “parturiente e parteira fugiram para a rua no meio do trabalho de parto”. Há notícia de dezenas de feridos em 28 de fevereiro de 1969, centenas de casas derrubadas, carros destruídos, cortes nas telecomunicações e no fornecimento de energia elétrica. Em Bensafrim caíram mais de 20 casas, nesta que foi uma das muitas localidades do Algarve gravemente afetadas pela violência do abalo.
Houve mesmo um pequeno tsunami como consequência deste tremor de terra de 1969, que foi registado nas costas portuguesas, espanholas e marroquinas. Ao primeiro abalo seguiram-se várias réplicas, sendo que a maior se fez sentir em Lisboa, na mesma noite, às 5h28. Entre 28 de fevereiro e 24 de março de 1969 a estação sísmica da Serra do Pilar, no Porto, registou 47 réplicas.