No dia 2 de Março, a Direcção-Geral da Saúde anunciava o primeiro caso por infecção de Covid-19 em Portugal. Perante a rápida propagação desta epidemia à escala mundial, a 11 de Março, a Organização Mundial de saúde passou a caracterizar a Covid-19 como uma pandemia.
A Covid-19 é o nome da doença causada pelo novo coronavírus, designado por SARS-COV-2. Este novo vírus foi identificado pela primeira vez em humanos em Dezembro de 2019, na cidade de Wuhan, na China, sendo a fonte de infecção, à data, ainda desconhecida.
Esta doença transmite-se através de gotículas, libertadas pela boca ou nariz, quando tossimos ou espirramos, podendo atingir outras pessoas ou ficando depositadas em objectos e superfícies. Estima-se que o tempo decorrido desde a exposição ao vírus até ao aparecimento de sintomas seja entre 2 a 14 dias e, até ao momento, ainda não existe uma vacina.
Perante este cenário e a rápida propagação da doença, resta-nos tentar diluir o número de novos casos ao longo das próximas semanas, de modo a conter a propagação do vírus e evitar o colapsar do Sistema Nacional de Saúde.
Dezasseis dias após o aparecimento do primeiro caso em Portugal, temos 642 casos confirmados e 24 cadeias de transmissão activa. À semelhança de outros países europeus, tem-se verificado um aumento de novas infecções diárias na ordem dos 35% a 40%. Continuamos numa fase de crescimento exponencial a qual se prevê que atinja o seu pico máximo no final do mês de Abril. Para além disso, em termos epidemiológicos, já passámos as fases de contenção e entrámos na chamada fase de mitigação.
É fundamental que as pessoas percebam que os comportamentos sociais promovem ou atrasam a passagem pelas várias fases de uma epidemia e que o objectivo é atingir a fase de abrandamento e o chamado ponto de inflexão com o menor número de casos possível.
Estamos em guerra contra um inimigo desconhecido e o cenário vai piorar nas próximas semanas. A melhor atitude que podemos ter é cumprir as orientações das autoridades de saúde e, sempre que possível, manter o isolamento social. Este é o momento de mobilizar todos os recursos (públicos e privados) e de os colocar ao serviço do SNS.
Como profissional de saúde, quero acreditar que a maioria das pessoas compreendeu a dimensão do problema e, mesmo estando a viver uma pandemia que nunca imaginou viver, está a seguir todas as recomendações, fazendo a sua parte neste combate ao vírus.
Também quero acreditar que, no final desta pandemia, sairemos melhores Seres Humanos: passaremos a valorizar o tempo, a comunicação, a socialização, o sentido de comunidade, o cuidar do outro, o reflectir sobre ideologias e políticas discriminatórias e, acima de tudo, passaremos a valorizar e a acreditar no nosso Sistema Nacional de Saúde.
É a ele que recorremos neste momento de medo e incerteza e é através dele, e com todos os profissionais de saúde, que vamos conseguir travar esta batalha contra esta epidemia. Porque hoje, mais do que nunca, somos todos agentes de saúde pública e somos todos SNS.