António Filipe é presidente da JSD de Azambuja, cargo para o qual foi eleito já este ano. O jovem estudante de Marketing e publicidade, habitante de Casais da Lagoa, assume-se como ferveroso amante da festa e em particular da Feira de Maio. Aqui fica a entrevista no contexto do certame que tem inicio no decorrer desta semana.
F – Comecemos pelo cartaz de divulgação da Feira de Maio. Consideras o mesmo adequado ao espírito do certame?
António Filipe – Eu considero o cartaz da Feira de Maio como uma “caricatura”, um cartaz que em nada representa a essência da centenária Feira de Maio. Apesar de estarmos numa época em que a modernice vigora, penso que o cartaz da Feira deve ser castiço, tal como a população de Azambuja assim o deseja.
F – Castiço, mas de que forma?
António Filipe – Evocando tantas memorias de antigamente, que podiam ser usadas como base na concepção gráfica do cartaz. A Câmara Municipal tem insistido, nos últimos anos, em adoptar este molde. Recordo uma serie de cartazes da Feira em que apenas mudavam a data em que a imagem dos campinos com os toiros nas ruas de Azambuja consistia no destaque do cartaz; essa opção representava na plenitude o que a vila vive e sente nestes 5 dias, não o que estes “bonecos” de hoje em dia transmitem.
António Filipe – A Feira de Maio tem e sempre terá o espirito expectavel pela população azambujense. Uma Feira que atrai milhares de pessoas de todas as idades não só para ver as famosas largadas de toiros como também para visitar a praça das freguesias e os pavilhões do artesanato. Uma organização que, na minha opinião, tem vindo a tornar-se “pobre” ao longo dos anos, com conteudos repetitivos para toda a população de Azambuja, em particular a população mais jovem que fica desagradada ano após ano.
F – Porque é que os jovens não se identificam com alguns conteudos programáticos da Feira de Maio?
António Filipe – A Câmara, entidade que organiza a Feira, tem optado por recorrer a concertos em que os artistas escolhidos custam largo milhares de euros e não se identificam com os gostos dos jovens do concelho, que preferem animação promovida pelas ruas da vila a terem de se deslocar completamente para fora do “centro” da Feira de Maio aquando dos concertos em questão.
F – Ainda assim o espírito da festa mantém-se bem vivo na Feira de Maio?
António Filipe – Sem dúvida, um espirito que se mantém forte apesar das recentes ameaças à tauromaquia em Portugal. Um espirito onde a cultura azambujense é rainha e que nunca morrerá com toda a certeza. Com a capacidade de educar os mais novos a população de Azambuja irá com certeza “alimentar” uma geração para que esta Feira se transforme não só num certame centenário mas também bicentenário, e por aí em diante. Azambuja é uma vila com história e tem de aproveitar esta data para dar a conhecer o seu concelho e tentar dinamizar o mesmo.