Habitantes de Aveiras podem perder milhares de euros se derem ouvidos a Torrão

António Torrão ameaça incitar os habitantes de Aveiras a não pagar a factura do serviço de fornecimento de água ao domicílio durante o período de um mês, mas a brincadeira pode custar 89 euros a cada habitante e render mais de 167 mil euros à Águas de Azambuja.

Torrão resolvia já o problema das interrupções de fornecimento de água ao domicílio: um mês sem pagar a água, e certamente acabariam as faltas de água nas torneiras. Ai ai, senhor Torrão...

António Torrão ameaça incitar os habitantes de Aveiras a não pagar a factura do serviço de fornecimento de água ao domicílio durante o período de um mês. O Presidente da Freguesia de Aveiras de Cima falava no decorrer da reunião do executivo da Câmara Municipal de Azambuja, que teve lugar em Aveiras no âmbito da descentralização das sessões, prática comum no decorrer do actual mandato. António Torrão considera ser esta a melhor medida de retaliação que a população de Aveiras pode tomar, caso persistam as frequentes interrupções no abastecimento ao domicílio, verificadas por toda a freguesia.
“A freguesia está farta destas ocorrências e se a empresa Águas de Azambuja não tem condições para prestar este serviço às populações, então que se vá embora”, afirmou António Torrão, reforçando a ideia de que os habitantes de Aveiras deveriam ficar um mês sem pagar a factura da água, como retaliação para com a empresa Águas de Azambuja.

festasazambuja2016-01 copyO problema é que esta “ameaça” de Torrão, a ser concretizada pelos habitantes da Freguesia de Aveiras, custaria milhares de euros aos bolsos dos seus fregueses. Desde logo porque não existe qualquer base legal que sustente a decisão de deixar de pagar a factura da água pelo período de 30 dias, o que levaria inevitavelmente ao corte do serviço por parte da empresa concessionária. Recorde-se que uma religação do contador após interrupção do fornecimento por ausência de pagamento custa no concelho de Azambuja a módica quantia de 89 euros, e acrescente-se que na Freguesia de Aveiras de Cima existem 1878 contadores de água instalados pela empresa Águas de Azambuja. Caso o conselho de António Torrão fosse levado à letra pelos habitantes de Aveiras, a “brincadeira” sairia cara à população, rendendo à Águas de Azambuja uma fortuna superior a 167 mil euros só em taxas de religação. De resto, a tirada de António Torrão em plena reunião de câmara foi considerada excessiva por alguns dos presentes, que consideram não ser esta uma postura digna de um líder de uma freguesia com a dimensão da de Aveiras de Cima. “Ainda há dias lia no Fundamental uma opinião do director que apontava o Torrão como possivel candidato à presidência da Câmara de Azambuja pela CDU, mas não é com saídas deste calíbre de responsabilidade que ele vai convencer a população de que tem condições para ser presidente de uma câmara”, afirmou uma testemunha presente na reunião de ontem, realizada em Aveiras de Cima, e que teve carácter público como de resto costuma suceder com as reuniões descentralizadas do executivo camarário. A mesma fonte complementou a sua opinião: “As pessoas até podem estar revoltadas com os frequentes cortes de água, mas quem tem responsabilidades de âmbito político não pode cair neste excesso de populismo, que no cúmulo levaria as pessoas a tomar uma atitude que reverteria contra as próprias”.

Rede velha não conduz água. O Fundamental apurou que as razões que levam à frequente interrupção do serviço de fornecimento de água ao domicílio em Aveiras de Cima estão relacionadas com a antiguidade das tubagens, sobretudo no sub-solo da estrada nacional 366, no percurso dentro da própria vila.

O Fundamental apurou que as razões que levam à frequente interrupção do serviço de fornecimento de água ao domicílio em Aveiras de Cima estão relacionadas com a antiguidade das tubagens, sobretudo no sub-solo da Rua Grandela
O Fundamental apurou que as razões que levam à frequente interrupção do serviço de fornecimento de água ao domicílio em Aveiras de Cima estão relacionadas com a antiguidade das tubagens, sobretudo no sub-solo da Rua Grandela

O sistema está em fase terminal no que ao seu tempo útil de vida diz respeito, e seguramente que não aguenta os 30 anos de concessão que foram contratados entre município e empresa Águas de Azambuja. Ora, é aqui que reside o maior dos problemas, dado que o contrato assinado com esta empresa concessionária não prevê que a Águas de Azambuja tenha a responsabilidade de investir na remodelação da rede no sub-solo da estrada nacional 366 – ou Rua Francisco Almeida Grandela, como é mais comum de ser reconhecida em Aveiras. Quem definiu os termos do contrato terá esquecido este pormenor relevante, fazendo com que neste momento caiba à Câmara de Azambuja a responsabilidade de renovar toda a rede de fornecimento de água nesta via. A própria empresa Águas de Azambuja estará interessada que esta empreitada de requalificação se concretize, já que as fugas frequentes de água também penalizam os cofres da ÁdA, para lá de prejudicarem e irritarem os moradores de Aveiras.

VIAA.T.
COMPARTILHAR